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Filantropia negra é fundamental na luta pela equidade racial

23 de agosto de 2024

Todos os dias, minorias étnicas se deparam com barreiras que dificultam seu acesso à educação, ao mercado de trabalho e a serviços sociais, fazendo da desigualdade um desafio mundial.

No Brasil, apesar de a abolição ter ocorrido há 136 anos, a população negra sofre com as consequências do racismo: baixa representatividade em cargos de decisão nas empresas, salários menores e poucas chances de ascender profissionalmente no mercado formal.

A filantropia é uma forma de ajudar a reverter esse cenário, como propôs a antropóloga norte-americana Jacqueline Copeland, em agosto de 2011, quando deu início a um movimento de visibilidade à prática filantrópica de pessoas e negócios negros e à importância da equidade racial no investimento social privado.

Desde então, agosto é chamado o Mês da Filantropia Negra, iniciativa essencial à redução das disparidades, uma ferramenta de promoção de justiça social, oportunidades e bem-estar das comunidades negras.

Todos os anos, o movimento mobiliza cerca de 17 milhões de pessoas em 60 países, um chamado para que todos apoiem organizações dedicadas ao combate do racismo estrutural e à promoção da equidade racial, reconhecendo a contribuição de negros para o avanço social, econômico e cultural no mundo.

 

Filantropia negra no Brasil

No País, a relação entre a população negra e a filantropia não é recente, remonta ao século XVIII, quando se tem registro das primeiras irmandades negras, organizadas estruturalmente, no auge do tráfico escravista.

Para sobreviver à violência imposta pelo regime escravocrata, espaços de resistência e solidariedade foram criados e ocupados por negros e negras. Ali, definiam suas formas de atuação social e, unidos, custeavam despesas para funerais e compra de cartas de alforria, entre outras ações.

Em 1851 foi formada a primeira organização civil negra da América Latina, em Salvador, na Bahia, a “Sociedade Protetora dos Desvalidos” (SPD). Segundo seu estatuto, eram admitidos como sócios efetivos “todos os cidadãos brasileiros de cor preta”. O objetivo era auxiliar esses indivíduos em doenças, invalidez, prisão e velhice. Como herança das primeiras irmandades, a SPD promovia funerais dignos a seus sócios. Além disso, pagava pensão à viúva, mãe ou irmã dependente do falecido e se comprometia com a educação dos órfãos, para que tivessem acesso à leitura e escrita e, assim, pudessem exercer sua cidadania.

Portanto, desde aquela época, a filantropia é uma prova de que, exercida em coletividade, é capaz de impulsionar mudanças significativas.

 

Protagonismo antirracista

Entre os objetivos do Mês da Filantropia Negra estão: inspirar a sociedade com histórias de generosidade, empreendedorismo social e ações lideradas por negros que promovem mudança positiva; e oferecer educação financeira e cívica nas comunidades negras, para informar e capacitar seus membros a tomarem decisões sobre doações e investimentos em causas que abordam desigualdade racial, justiça criminal, acesso com equidade à educação e a serviços de saúde, questões que afetam essa população.

Além disso, destaque-se que é fundamental para o engajamento filantrópico antirracista o protagonismo de negras e negros, da concepção à execução dos projetos, bem como a estruturação de fundos geridos por pessoas negras.

 

Iniciativas exemplares para a equidade racial

No Brasil, algumas iniciativas que apoiam o Mês da Filantropia Negra atuam pela equidade racial o ano todo, promovendo transformações duradouras. Entre elas, destacamos:

 

 

 

 

 

Todos podemos celebrar o Mês da Filantropia Negra. Diversos eventos, workshops e iniciativas sobre filantropia e suas implicações são realizados para incentivar doações em dinheiro e de voluntariado a organizações que beneficiam a causa.

A expectativa é de que quanto mais pessoas se envolverem no diálogo promovido pelo movimento, mais conscientes se tornarão e maior será o impacto de um legado solidário transformador.

 

 

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